segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Os 7 melhores filmes de terror inspirados em histórias reais

Como "Invocação do Mal", em cartaz no Brasil, veja outros longas que transportam para o cinema casos assustadores

Atualmente em cartaz no Brasil,  "Invocação do Mal"  leva aos cinemas mais uma história real sobre uma família assombrada por espíritos. De aparições a possessões, o filme assusta tanto pela qualidade da produção quanto pelo fato de que o que se vê (em certa medida) aconteceu de verdade.
O novo longa de James Wan, o mesmo de "Jogos Mortais" e "Sobrenatural", apresenta uma história real assustadora o suficiente para ser roteirizada e filmada. Mas outros fatos aterrorizantes já viraram filmes, sejam eles sobre espíritos ou pessoas de carne e osso.

O iG selecionou os 7 melhores filmes de terror baseados em histórias reais. Não entraram na lista filmes que pinçaram pessoas da realidade e as usaram para construir seus personagens. Longas como "Psicose" e "Massacre da Serra Elétrica", que inspiraram seus assassinos no homicida Ed Gein, não foram escolhidos. 

"Terror em Amityville" (1979):  O filme acompanha a história de George e Kathy Lutz e de seus três filhos. A família se muda para a cidade de Amityville, na casa em que Ronald DeFeo Jr. matou seus pais e quatro irmãos a tiros. 
George é o mais afetado pela força maligna que existe na casa, o que o torna uma ameaça para sua família. Os Lutz ficaram apenas quatro semanas na casa.

 







 
"O Exorcista" (1973): A história do exorcismo da jovem Regan foi baseada nas mais de 30 sessões que o padre Raymond Bishop fez com um garoto anônimo de 13 anos, que recebeu o "nome" de Roland Doe. 
Em seu diário, o padre relatou os eventos sobrenaturais que aconteceram durante os exorcismos. Móveis que se moviam sozinhos e distorção do corpo e voz de Ronald estavam entrem as anotações. O garoto sobreviveu as sessões.

 
"O Exorcismo de Emily Rose" (2005): os acontecimento ret
ratados no filme aconteceram na Alemanha, nos anos 1970. Annelise Michel (a verdadeira Emily Rose) começou a apresentar sintomas de possessão demoníaca aos 16 anos, como paralisia e auto-abuso. Porém, na mesma época, a garota foi diagnosticada com epilepsia.
Annelise morreu de fome aos 23 anos, enquanto os padres Ernest Alt e Arnold Renz realizavam uma sessão de exorcismo. Tanto os religiosos como os pais da garota foram julgados, e culpados, por homicídio involuntário. A história foi muito discutida por colocar em confronto a teologia e a ciência.




 
"Wolf Creek - Viagem ao Inferno" (2005):  este longa de terror australiano conta a história de três das sete vítimas do serial killer Ivan Milat. O assassino perseguia mochileiros perto da região da Floresta Estadual de Belanglo nos anos 1990. Em seu julgamento, Milat disse que caçava os jovens antes de matá-los e que a escolha das vítimas era aleatória.


 






"Evocando Espíritos" (2009): Os eventos retratados no filme foram inspirados nas experiências da família Snedeker nos anos 1880. Eles se mudaram para o Estado de Connecticut, EUA,  para que o filho, Philip, pudesse ficar perto da clínica onde se tratava de um câncer.
A família descobria que a casa que haviam alugado era um necrotério. Philip, cada vez mais fraco em consequência do tratamento, começou a afirma que o local era assombrado. Por fim, os Snedeker resolveram abandonar a residência. 

"Gêmeos: Mórbida Semelhança" (1988):  Este longa de suspense e terror dirigido por David Cronenberg foi inspirados nos gêmeos idênticos Stewart e Cyril Marcus. Os irmãos, que moravam em Nova York, dividiam tudo: desde a profissão de ginecologistas até o vício em barbitúricos. Eles foram encontrados mortos no apartamento que dividiam em 1975, com os corpos já em estado de decomposição.

"A Vizinha" (2007): O filme se inspirou na morte da jovem Sylvia Likens, no Estado de Indiana, EUA, nos anos de 1965. A garota foi deixada por seus pais, um casal de trabalhadores de circo, aos cuidados de Gertrude Baniszewski.
Junto de seus dois filhos, e alguns vizinhos, Baniszewski torturou Likens até a morte. A garota resistiu o abuso por um total de três meses. A história ficou conhecida como "o crime mais violento já cometido no Estado de Indiana".


Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/


Holocausto brasileiro

Reportagem de Hiram Firmino, em 1979, impulsionou fim dos horrores no manicômio de Barbacena, em Minas

“Crianças pelo chão, entre moscas. Nenhum brinquedo, um psiquiatra qualquer. Pessoas aleijadas, arrastando-se pelo chão, feito bicho. Agrupadas para não serem pisoteadas, na hora da comida. Esperando a maca, a liberdade somente possível através da morte. Um asilo medieval, de pedra e barras de ferro. Úmido, frio e indesejável. Celas e eletrochoques, e todas as torturas médicas. Nenhuma assistência ou calor humano. Como em um campo de concentração”. 
Foi em 1979, um ano após a revogação do AI-5 (Ato Institucional número 5), que um jornalista conseguiu entrar pela primeira vez no Hospital Colônia, o manicômio de Barbacena, em Minas Gerais. A cena acima foi descrita à época pelo então jornalista do jornal "O Estado de Minas" Hiram Firmino.

Apesar da surpresa do repórter, a situação fazia parte do cotidiano do Colônia havia bastante tempo. O manicômio foi inaugurado em 1903. A barbárie começou a partir de 1930, quando pessoas passaram a ser internadas sem ter sintomas de loucura ou insanidade. Delegados, coronéis e pessoas influentes na sociedade daquele tempo usavam o poder para mandar desafetos, gays, negros para serem internados no hospício.

Hiram Firmino lembra de um garçom que costumava atendê-lo em um restaurante da região e que foi mandado para o Colônia por causa de uma mudança de comportamento. “Ele parecia tonto, meio bêbado um dia. Levaram ele. Ficou a vida toda lá. Era uma pessoa que eu conhecia. Aquele lugar foi construído por uma questão política. A maioria das pessoas morria no Colônia. Era um campo de concentração”, afirma em entrevista ao iG
Ao chegarem ao manicômio, os internados tinham uma rotina desumana. Dormiam juntos em salas grandes sem cama. Todos tinham de se deitar sobre o chão do cômodo, que era coberto apenas por capim. Acordavam por volta das 5h da manhã e eram enviados para os pátios, cobertos apenas com trapos, onde suportavam o calor ou o frio de Barbacena até 19h. Todos os dias.
“Fiquei chocado (quando entrei no Colônia), até com vergonha. Escrevia tudo o que podia ver. Estava trabalhando diante do horror. As pessoas eram tratadas igual bichos. (Os internos) Eram lavados com vassoura, esfregavam as costas deles enquanto jogavam água de mangueira. Xixi e cocô para tudo quanto é lado. Eram pessoas normais que foram pegas bêbadas, pessoas esquecidas pela sociedade”, lembra.
De acordo com o livro “Holocausto Brasileiro” , lançado em junho deste ano pela jornalista Daniela Arbex, o genocídio deixou 60 mil mortos. Isso porque, além das condições insalubres, o hospício chegou a ter 5 mil pessoas ao mesmo tempo, enquanto a capacidade original era para 200 pacientes. Nesses períodos de maior lotação, em média 16 pessoas morriam todos os dias.
Reforma psiquiátrica
Ainda que aquela rotina tenha ficado conhecida da pela sociedade e autoridades após denúncia da revista O Cruzeiro, em 1961, as mortes dos internos continuavam sem que ninguém fizesse algo de fato. A situação começou a mudar quando Firmino entrou no hospício e publicou uma série de reportagens sobre os manicômios de Minas Gerais. Por conta da repressão, ele deixou a reportagem sobre o hospital de Barbacena por último.
“Um jornal (O Estado de Minas) conservador numa sociedade conservadora. Eu tive a sorte de entrar lá. Na época Roberto Drummond me orientou: ‘Só conta o que você viu’. Eu fiz uma narrativa e usei a tática de começar a série com textos mais fraquinhos. Sobre os outros hospícios. Cada dia a reportagem ia ficando mais pesada. Só descrevia, sem denunciar. Então houve uma espécie de permissão da direção do jornal. Deixei que o leitor imaginasse. Aí não tinha mais como interromper, o jornal começou a vender muito. Acabei ganhando o Prêmio Esso de Jornalismo”, conta.
A denúncia chamou atenção de profissionais da época, como o psiquiatra italiano Franco Basaglia que liderava um movimento antimanicomial em vários países do mundo. “Estive hoje num campo de concentração nazista. Em nenhum lugar do mundo presenciei uma tragédia como essa”, disse na ocasião ao visitar o Colônia. Foi Basaglia que pediu para Firmino escrever um livro sobre o caso. As reportagens foram reunidas então na obra intitulada “Nos Porões da Loucura”.
O caso ganhou repercussão e cinco anos depois, segundo Firmino, boa parte dos internos tinha sido reintegrada a outros manicômios de Minas Gerais. Apesar disso, ninguém nunca foi punido pelas mortes. Na opinião do jornalista, muitos dos funcionários não tinham a exata proporção do que estavam fazendo com aquelas pessoas. “Tem até um filme, chamado Hannah Arendt, que fala da banalidade do mal. As pessoas não têm consciência do que elas fazem. Se você pegasse aquela atendente que esfregava vassoura nas costas dos internos, ele diria que estava fazendo aquilo com o maior carinho. Eles (funcionários) estavam cumprindo ordem. As pessoas fazem isso no automático, sem pensar.”











Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/